top of page

Os sonhos jamais se ocupam de miudezas

Foto do escritor: Camila DiasCamila Dias

Você já teve curiosidade e parou para refletir sobre seus sonhos? Estou me referindo aqui àquelas imagens vívidas, narrativas fantásticas e emoções por vezes intensas que experimentamos enquanto dormimos. Se por um lado a maioria das pessoas demonstra pouco interesse por seus sonhos, por outro tem quem busque até interpretações pela internet.


Quem acredita que os sonhos não importam está errado,

mas quem procura por interpretações pela internet, também...


A verdade é que os sonhos estão longe de serem insignificantes, e é por isso que comentei anteriormente sobre a possibilidade de relatá-los durante a terapia.

Para conseguirmos compreender a relevância dos sonhos precisamos antes saber que, apesar de muitas vezes eles nos parecerem confusos e até absurdos, são uma formação psiquica que é dotada de sentido e construída por uma atividade mental altamente complexa. 


Sendo os sonhos dotados de sentido, é possivel interpretá-los, e esse trabalho de interpretação pode ser uma ferramenta valiosa durante a psicoterapia.


O primeiro ponto em relação aos sonhos é que todo o material que compõe seu conteúdo provém daquilo que já vivenciamos, externa ou internamente. Mas essa relação entre conteúdo e vivências não é facilmente identificada e precisa ser procurada com atenção - o que se dá pelo fato de a memória de que o sonho dispõe ser bastante profunda, abarcando cenas e pensamentos do nosso dia (que chamamos de restos diurnos) mas também imagens de pessoas, objetos ou localidades em que não pensamos há muito tempo. O sonho também é composto por lembranças que estão inacessíveis ao nosso estado de vigília (quando estamos acordados), ou seja, que estão inconscientes.


O segundo ponto, e talvez o mais importante, é que a seleção dos elementos que compõem um sonho não se dá de forma aleatória. Cada imagem, cenário ou sensação onírica remete a questões profundamente pessoais e significativas. Como cito no título deste texto: Os sonhos não se ocupam de miudezas. Eles falam do que nos atravessa em um nível muito mais profundo do que imaginamos.

O método psicanalítico de interpretação dos sonhos consiste em um percurso que é singular, guiado pelas associações do próprio sonhador. A partir daquilo que lembramos do sonho - chamado de conteúdo manifesto - as associações poderão nos levar ao conteúdo latente, revelando desejos inconscientes que estavam encobertos e distorcidos.


"Meu procedimento não é tão cômodo quanto o do método criptográfico popular, que traduz o conteúdo dado de um sonho segundo uma chave fixa; não me surpreende que o mesmo conteúdo onírico possa ocultar um sentido diferente em pessoas diferentes e em contextos diferentes."

Freud


Por fim, dar atenção aos nossos sonhos não significa apenas curiosidade ou busca por respostas prontas, mas sim uma imersão em nossa própria subjetividade. Saber mais sobre nossos desejos reprimidos e conflitos internos nos dá a chance de transformar profundamente a maneira como nos entendemos e optamos nos relacionar com o mundo.


 
 

Comments


Psicóloga Camila Dias

CRP 06/124348

©2023 por Camila Dias. 

bottom of page