No meu cotidiano, seja na vida pessoal ou profissional, eu convivo com muitas pessoas que não são da área psi, ou seja, que não estudaram a fundo sobre, não tem muito contato ou conhecimento sobre as teorias, técnicas, práticas, etc...
Não é raro que essas pessoas compartilhem comigo situações que estão vivendo, dificuldades que estão enfrentando e menos raro ainda é que eu (além de cumprir o que me cabe como amiga, colega ou familiar), sugira a essas pessoas a busca por apoio profissional, enfatizando os benefícios e como a psicoterapia pode auxiliar naquela questão que me trazem.
Eu não atendo amigos ou familiares, ainda que essa solicitação apareça as vezes, porque segundo o Código de Ética Profissional, na Resolução CFP n 10/2005, nos é VEDADO: “Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado".

Acontece que quando eu sugiro essa busca por um (outro) profissional, frequentemente ouço a pergunta:
“Mas o que eu devo falar na terapia?”
e talvez você que está me lendo agora também tenha essa dúvida.
Uma observação: eu já falei em outro post que existem diferentes abordagens dentro da psicologia e também citei que a abordagem que baseia a minha atuação é a psicanalítica, abordagem essa enfatiza a importância do diálogo aberto e livre entre paciente e terapeuta, tendo como um de seus pilares o método da Associação Livre.
O que é o método da associação livre e o que ele tem a ver com o que você deve falar na terapia?
O método da associação livre consiste em convidar os pacientes a deixarem de lado a autocensura e a se permitirem associar livremente seus pensamentos e emoções. Isso significa, portanto, que não existe uma regra para o que você deve falar na terapia!
Durante o processo você deve ter a liberdade de falar o que desejar, e isso pode envolver relatar sonhos, memórias, fantasias, medos, desejos e qualquer outro conteúdo que surja em sua mente naquele momento, ainda que pareça não ser “o correto”, relevante para o caso clínico, ou mesmo que se trate de uma questão desagradável de ser abordada.
“Durante uma análise assim, não aflora uma única reminiscência que não tenha significação”
Freud, Estudos sobre a Histeria, p.414
É justamente para que o paciente consiga se expressar livremente que se dá a importância de um ambiente empático, acolhedor e colaborativo entre terapeuta e paciente.
A qualidade dessa relação é essencial para o sucesso do processo terapêutico.
O conteúdo que você leva ao atendimento, portanto, não deverá ser julgado, seja por você ou pelo profissional, mas escutado atentamente. Aos poucos tomamos conhecimento de uma cadeia de associações que nos levarão a uma compreensão mais profunda de si mesmo, seus desejos, emoções, padrões de comportamento e crenças que podem estar influenciando a vida, causando sofrimento.
"Uma grande parte do que chamamos de estado de espírito provém dessa fonte, de ideias que existem e atuam abaixo do limiar da consciência. - Sim, todo nosso modo de vida é permanentemente influenciado por ideias subconscientes."
Freud, Estudos sobre a Histeria, p. 315
Muito bomm!!