Para quem não conhece, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é a política pública brasileira responsável por garantir proteção social a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade e risco social. É um sistema baseado no princípio da universalidade e que busca promover a autonomia, inclusão e fortalecimento de vínculos, assegurando direitos e reduzindo desigualdades sociais.
Eu atuo como psicóloga no SUAS há quase 10 anos e esse é um trabalho que me permite ter contato com diversas dimensões da saúde mental em contextos reais e complexos.
Optei por apresentar essa questão aqui porque essa experiência impactou diretamente a minha forma de compreender o papel e o efeito da minha profissão na vida das pessoas e isso, consequentemente, também influencia a minha atuação no contexto da clínica, na psicoterapia.
Então, o que exatamente eu aprendi nesses quase 10 anos de atuação como psicóloga do SUAS?
Trabalhando no SUAS, vi que a saúde mental não pode ser entendida isoladamente dos contextos sociais, culturais e econômicos. Cada pessoa é moldada por uma história única, onde fatores financeiros, violência, desigualdade e diversas formas de exclusão social tem impacto significativo e jamais devem ser desconsiderados. Essa vivência me ensinou a valorizar a diversidade e a reconhecer que o cuidado psicológico precisa levar em conta as especificidades de cada realidade.
A experiência com diversas famílias e indivíduos que sofrem há gerações me mostrou que a falta de cuidado com a saúde mental perpetua um ciclo de sofrimento. Aprendi que intervir precocemente pode evitar que pequenos conflitos se transformem em transtornos incapacitantes. Além disso, percebi que o trabalho terapêutico não ocorre isoladamente: ele se integra a uma rede de apoio que envolve a família, a comunidade e políticas públicas. Essa visão também fortaleceu a ideia de que cuidar da saúde mental é um investimento que beneficia não só o indivíduo, mas toda a coletividade.
Outra lição importante foi perceber como, na contemporaneidade, muitos recorrem à medicalização como resposta rápida para o sofrimento. Embora os fármacos sejam fundamentais em determinadas situações, pude constatar que é imprescindível aliar seu uso a um processo escuta e reflexão que possibilite a construção novos caminhos para lidar com a vida e leve a mudanças realmente significativas e duradouras.
Essa trajetória me ensinou que, ao buscar apoio psicológico, o paciente não está apenas lidando com um diagnóstico ou sintoma isolado, mas com um fenômeno complexo e multifacetado, que precisa ser compreendido em sua totalidade.
Trabalhar no SUAS também me mostrou que a prevenção é um dos maiores desafios da saúde mental. Muita gente ainda não compreende que investir tempo e recursos em processos terapêuticos não é apenas uma forma de tratar sintomas e transtornos, mas também uma forma de promover resiliência e se fortalecer para enfrentar as adversidades do dia a dia.
É a partir da soma de todas as vivências e aprendizados que esses anos me concederam com muito estudo teórico que estou comprometida a oferecer um atendimento clínico que respeite a singularidade de cada paciente que deposita sua confiança em mim.
Seja qual for sua história, estou aqui para te ajudar a construir um caminho mais equilibrado e significativo para sua vida.
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